Postado em 10 de abril de 2019
 Categoria Saúde

O termo “Câncer de Cabeça e Pescoço” abrange em geral os tumores malignos que acometem a boca, a faringe, a laringe e seios da face. Os tumores de pele da face e pescoço, das glândulas salivares e da tireoide possuem fatores causais e comportamento diferente, sendo considerados separadamente. Os tumores malignos dos lábios têm comportamento semelhante ao câncer de pele da região.

Quanto aos primeiros, nota-se uma importante associação com hábitos de vida, especialmente tabagismo e abuso de bebidas alcoólicas. Fumantes apresentam risco cerca de 10 vezes maior de desenvolver câncer nessa região e quando associado ao uso frequente de álcool esse risco pode quadruplicar. Má nutrição e obesidade também são fatores relacionados, além de histórico familiar de casos de câncer de cabeça e pescoço, esôfago e pulmão e exposição a alguns agentes físicos e químicos.

Alguns tumores – especialmente da região da faringe – podem ter uma forte associação com exposição ao vírus HPV, o que pode ser comprovado por análise imuno-histoquímica no material de biópsia e tem importante impacto no diagnóstico e na escolha do tipo de tratamento, uma vez que em geral tem um melhor prognóstico.

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Os sintomas dependem da região acometida, podendo alguns tumores se desenvolver sem sintomas por longo período de tempo.

Em geral podemos considerar como sintomas precoces:

  • Lesões (feridas) na cavidade oral que não cicatrizam por mais de 15 dias, que podem apresentar sangramento e crescimento
  • Manchas/placas vermelhas ou esbranquiçadas na língua, gengivas, céu da boca ou bochechas
  • Nódulos (caroços) no pescoço
  • Rouquidão persistente
  • Dor associada à mastigação ou deglutição, às vezes difícil de localizar ou irradiada para ouvido ou face e pescoço

Nos casos mais avançados podemos observar:

  • Dificuldade para mastigar e engolir
  • Dificuldade na fala e para respirar
  • Sensação persistente de que há algo preso na garganta
  • Dificuldade para movimentar a língua
  • Perda de peso e do apetite
  • Dor intensa que não responde a analgésicos comuns

O diagnóstico é realizado pelo exame loco-regional de cabeça e pescoço, que inclui exame de toda a cavidade oral, faringe e palpação do pescoço e quando necessário complementação com exames endoscópicos (nasofibrolaringoscopia, videolaringoscopia, endoscopia digestiva alta) e de imagem (ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, PET-CT). A biópsia vai comprovar ou não a natureza maligna e o tipo de tumor.

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O tratamento é sempre multidisciplinar, sendo importantes a seu tempo e de forma coordenada a intervenção do Cirurgião de Cabeça e Pescoço, do Oncologista Clínico, do Especialista em Radioterapia além da participação de Nutricionista, Fonoaudiólogo e Fisioterapeuta na adaptação e reabilitação.

Dependendo da localização e estágio da doença pode ser recomendado o tratamento cirúrgico, a radioterapia, a quimioterapia ou imunoterapia e frequentemente uma associação desses métodos visando aumentar as chances de sucesso nos índices de cura e de controle da doença. No decorrer do tratamento podem ser indicados procedimentos como traqueostomia para garantir a respiração livre e uso de sondas ou gastrostomia para assegurar a nutrição adequada.

O diagnóstico precoce é de grande importância para minimizar as sequelas associadas ao tratamento de neoplasias desta região especialmente delicada e visando maiores chances de cura. Avanços recentes tem se mostrado promissores mesmo em casos avançados no sentido de promover melhor qualidade de vida, estabilização da doença e controle dos sintomas.

 

Dr. Regis M. Scheffer Szeliga

Cirurgião de Cabeça e Pescoço

55 41 999750449

 

[email protected]

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